Como toda aquela região
foi sempre criadora de muito gado, as feiras representam um factor importante na vida da
sua gente. Em tempos remotos houve uma feira mensal na Gralheira, que se realizava no
Nicho. Talvez devido à falta de uma estrada e aos rigores do Inverno, acabou por ser
extinta. Desde então passaram a fazer os seus negócios e transacções nas feiras de
Castro Daire, Magueja e Cinfães.
Mais tarde foi criada a feira de Gosende, que passou a realizar-se no dia 6 de cada mês, o que veio facilitar bastante a compra e venda de gado, à gente das aldeias serranas. Há ainda as feiras anuais de S. Cristóvão, Ouvida, Cruz do Rossão, Fojo e Portas de Montemuro. Estas feiras, por serem anuais, revestem-se de maior envergadura, havendo, além das transacções habituais, muitos meios de diversão. Nelas se realizam as tradicionais lutas de bois, que chegam a bater-se horas seguidas numa luta de vida ou de morte. Dantes havia indivíduos que andavam um ano inteiro a tratar um animal o melhor que podiam, só para o apresentarem na feira como favorito ao título de campeão. Outras vezes lavradores das povoações vizinhas acertavam o dia e deitavam os bois à luta, em plena serra. Na Gralheira, o mais dedicado a essas lutas era o senhor Manuel, mais conhecido por «Raposo», que tinha sempre um boi ou uma vaca prontos a discutir o título em qualquer feira ou qualquer lugar. Mas essas lutas por vezes davam origem a tremendas desordens entre os apoiantes de cada boi. Em 1975, voltaram a criar uma feira mensal na
Gralheira, que se realizava na Ponte, mas poucos
Mas a partir de 1969, ano da inauguração da
estrada, nunca mais a festa deixou de ser feita, graças ao esforço e
Os rapazes quando iam namorar uma rapariga que tivesse ido à erva ou com o gado, levavam sempre uma sachola, a que davam o nome de «raparigueira ou domingueira». Essas sacholas de pequeno formato, tinham rendilhados e flores gravados no aço e um cabo muito jeitoso, muitas vezes com o nome do proprietário. Estas sacholas serviam de disfarce, procurando fazer crer às raparigas que tinham ido trabalhar ou deitar a água às lameiras. Era uma maneira subtil de dizer às moças que aquele encontro não fora voluntário, mas casual, sobretudo quando ainda não tinham a certeza de serem correspondidos nos seus amores. Muitas vezes para se fazerem acreditar, davam grandes voltas, só para surgirem do lado oposto à povoação. Esses costumes morreram e as desordens nas romarias acabaram. Hoje todos convivem em plena harmonia, quer sejam da Gralheira ou não. Nas aldeias vizinhas temos as festas de Alhões, em honra de S. Pelágio, no dia 26 de junho; S. Lourenço, na Panchorra, a 10 de Agosto; S. Pedro, em Gosende: e outras, menos conhecidas, em freguesias mais distantes.
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